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Naferson Cruz (Manaus/AM)
Sua obra "Guardiões - tempos surreais" foi publicada por nós, este é o seu primeiro livro? Como se deu a ideia de publicá-lo?
Este é o meu terceiro livro, todos voltados para a mitologia indígena da Amazônia. A ideia se originou diante dos textos construídos para o desenvolvimento de arena do Boi Garantido, no Festival de Parintins. São pesquisas baseadas nas minhas toadas (canções) e que resolvi transformá-las em contos de ficção.
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Qual o objetivo da sua obra, a sua importância para o universo literário ou para o assunto que aborda?
O objetivo é chamar atenção do leitor para a importância da Amazônia, para que ele vislumbre outros enredos. É uma obra que busca valorizar a narrativa poética com um toque regional. A obra propõe uma leitura no universo cosmológico xamânico, na resistência cultural dos povos ancestrais e na luta pela preservação da floresta. São histórias repletas de magia, batalhas, aventuras e autodescobertas para todos que amam contos surreais e literatura fantástica.
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Como está sendo a experiência de ser escritor?
Ser escritor é abraçar o tempo, é soprar o vento em vastas direções para que a humanidade venha se alimentar de esperança por dias melhores, portanto, ser escritor hoje em dia é amenizar as dores do mundo.
Como sua experiência de vida lhe influenciou na escrita? Quais são suas inspirações?
O jornalismo, as minhas composições musicais e as minhas andanças pela vasta selva amazônica, me deram sustento para a minha evolução na literatura. São muitas as inspirações, além da inefável floresta que é um verdadeiro livro, há escritores que me influenciaram na reflexão sobre o universo como Martin Heidegger, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha, Emily Dickinson e Mary Shelley.
A família e os amigos lhe apoiaram nesta empreitada? Qual fator determinante do apoio ou não deles?
Sim, o apoio vem de todos, porém a solidão é primordial para que não haja conflito de ideias durante o processo de criação, pois meu processo de escrita envolve mais emoção que razão. Não necessariamente que eu precise de um espaço silente, uma vez que, o habitual pensamento romantizado também torna meu trabalho muito mais fácil e sei onde quero chegar.
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Como você enxerga a questão da leitura e do consumo de livros hoje no Brasil?
O brasileiro lê pouco, e mal. A leitura é vista no país como um hábito de "elite" e que deixa as pessoas "loucas" é muito prejudicial para nossos hábitos literários, com isso o mercado literário padece muito. Há escritores frustados e livros caros, sem apontar a falta de apoio e grandes projetos voltados para a literatura.
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Você pretende seguir publicando mais livros? E quais assuntos que gostaria de abordar futuramente?
Tenho sempre muitos projetos comigo, sem dúvida. Estou trabalhando em dois eixos, um voltado para o jornalismo e outro, um romance, inserido na mitologia amazônica
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Como você espera que os leitores interpretem a sua obra?
Que o leitor tenha uma experiência prazerosa diante de contos que espraiam suas linguagens e símbolos, contudo, espero que leitor compreenda que os costumes, valores e crenças são capazes de pensar em assuntos abstratos como justiça, política, moral e estética e, que podem melhorar a natureza e a sociedade.
Como foi a sua experiência em publicar na Editora Becalete?
Foi bastante positiva. Desde o primeiro contato até o suporte que foi dado. Fico inteiramente grato pelo exímio trabalho que foi feito pela família Becalete, que preza pela qualidade e profissionalismo.
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Deixe aqui um convite de leitura ao seu leitor, falando um pouco de você e sua obra se preferir.
É um livro que diverge e descortina um universo mítico único. Dividido em cinco capítulos, a obra apresenta o surrealismo dentro do espectro étnico das histórias captadas. Os contos dimanam de sagas indígenas que lutam contra as intempéries de legiões sobrenaturais para salvar a natureza e a ‘mãe terra’.